22.11.10

Manifesto do III Encontro Norte/Nordeste da Rede Mocambos


Contra a ADIN nº 3239

que ataca os direitos dos quilombolas

 

Em 20 de novembro de 1695 o maior líder do povo negro no Brasil foi assassinado no território que muitos negros escolheram e mantiveram por quase um século com o intuito de viver longe da lógica racista que impregnou a alma da nossa sociedade com a colonização portuguesa. Foi quando Zumbi e o Quilombo de Palmares sumiram da terra e estariam mortos para a história se não fosse a resistência negra que insiste em lembrar ao Brasil de que a riqueza que a atual elite branca herdou não seria possível sem a exploração do trabalho africano neste solo.

Passados mais de 500 anos de história oficial os/as quilombolas de hoje estão ameaçados/as de perderem seus territórios, onde vivem há séculos fora da lógica capitalista e ameaçados/as de morte pela elite branca latifundiária deste país.

Atualmente as comunidades quilombolas pouco podem fazer para se defenderem levando em conta a estrutura do Estado que persiste em reproduzir o racismo institucional; o Incra não consegue titular e nem garantir a integridade dos territórios quilombolas. Por tudo isso líderes quilombolas são ameaçados de morte quando exigem paras suas comunidades o que lhes é de direito.

A injustiça mais uma vez mostra sua face, agora, pela ADIN(Ação Direta de Inconstitucionalidade) nº 3239 de 2004 encaminhada pelo então deputado Valdir Colatto – à época no partido PFL, agora chamado de Democratas, e atualmente filiado ao PMDB(SC), em que pretende interferir no processo de reconhecimento dos quilombos, tirando-lhes o direito de dizer quem são e de onde vem. Esta é mais uma prova do racismo que ainda impera no Brasil e que a sociedade brasileira não pode fechar os olhos para isso sob pena de recusar a existência de uma democracia verdadeira.

A Rede Mocambos – uma rede de articulação em torno dos direitos quilombolas e da democratização da informação no combate à exploração e discriminação contra os povos não-brancos - repudia a ADIN nº 3239 do deputado Valdir Colatto.

Esperamos que o Estado brasileiro se dê conta da atrocidade que esta ação representa para a suposta democracia racial brasileira que muitos dizem existir.

Se a ADIN 3239 for aceita pelo STF, os títulos expedidos que garantem o direito judicial aos territórios por parte dos/as quilombolas poderão tornar-se sem efeito. E os critérios de reconhecimento das comunidades de quilombo alterarão de forma a delegar a terceiros o direito de dizer quem são os quilombolas. Estará dada a mensagem a todo povo brasileiro de que o Estado trabalha contra os direitos do povo negro seja apelo esquecimento do poder executivo, a negligência do poder legislativo e a ação parcial do poder judiciário.

A rede Mocambos e o povo de matriz afroindígena esperam também do governo Dilma Rousseff a atenção que o povo negro merece porque estes povos TAMBÉM VOTAM e votaram pela continuidade da redução das desigualdades esperando que o Brasil não cresça sem levar os negros e negras brasileiras para longe do futuro que tanto almeja.

O Estado brasileiro não pode retroagir em relação aos direitos das comunidades quilombolas e deve cumprir com seu dever de combater as desigualdades sociais que tanto afligem nosso povo criando um abismo racial entre brancos e não-brancos.

ABAIXO O LATIFÚNDIO!

ABAIXO A BANCADA RURALISTA!

ABAIXO O RACISMO QUE TIRA OS DIREITO DOS/AS/ QUILOMBOLAS!

POR UM MUNDO MAIS JUSTO E MAIS DO NOSSO JEITO!



Itacaré, Bahia, 06 de novembro de 2010

7.10.10

CONSCIÊNCIA HISTÓRICA

CONSCIÊNCIA HISTÓRICA






A ancestralidade africana esta impressa na pele daqueles que são pretos devido a ligação direta com o continente MÃE da origem humana, ou também, na CONSCIÊNCIA daqueles sabem ou conhecem a historia do homem e a origem de sua formação social. Logo é inevitável as perguntas referentes a nossa estrutura social atual e as de “antigamente”, isto é, as estruturas sociais de “antigamente” é estudada somente pelo ponto de vista dos neocolonizadores, como Europa – U.S.A., assim sendo, a historia de quem sofreu o abuso dos neocolonizadores é distorcida, inferiorizada, criminalizada e ate exterminada a medida em que nos é imposta um padrão de estrutura social baseada “oportunidade de mercado”, que transforma todo tipo de atividade humana em valor vendável e pronto para consumo. Porém, os produtos das atividades humanas passa por inúmeros processos que vai desde a significação do que vai ser produzido ate o valor de tal produção, que são medidos pelas mesmas nações que “abusou e abusam” diversas culturas e etnias, e agora com técnicas e conceitos injetada mas estruturas sociais como educação, relações de troca constituição familiar entre outras atividades humanas, logo EU afrodescendente como posso afirmar minha africanidade numa sociedade que opera com duras penas de exclusão a afirmação de uma cultura que sofreu com tantos abusos?

Minhas características estáticas logo revela minha ancestralidade africana, através da cor da pele, cabelo, traços faciais e isso já captado pelo semelhante (independente da etnia) formula em sua mente um conjunto de valores atribuído a tais características visíveis. A busca por valores atribuídas aos meus ancestrais faz compreender a essência do meu ser, considero fundamental tais conhecimentos ancestrais, pois as gerações passadas esta impressas no tempo presente tanto na carga genética como nas milhares manifestações sociais humana, sendo assim retomo minha CONSCIÊNCIA histórica faz perceber onde esta ocultado o racismo nas entrelinhas sociais, os reflexos sociais nos mostra a diferença de tratamento na afirmação com o que nos identificamos, obviamente é sempre mostrado um reflexo padronizado com estática pensamento e comportamento já definido, e logicamente as referencias que nos são dadas tem características europeias “branca”, pulverizado nas vestimentas, nos bens produzidos de maneira industrializadas, todos esses itens carrega a grande carga simbólica e cultural, vários conceitos tentam definir tal ação, mas pouco tem sido feito para regular essa acessibilidade a diferentes atividades humanas.

Como que você se identifica qual o seu reflexo? O pensamento pan-africano nos faz ver que os efeitos da globalização de fluxo único “globalizadores neocolonialistas” =injeta=> “globalizado”, e a via contraria não acontece... Como resolver isso?

Buscar minha ancestralidade é a ferramenta inicial para manter o equilibro cultural da humanidade e difundir informações sobre a ancestralidade africana ajudará muitas pessoas com crise de identidade, que por mais que use jeans ao olhar no espelho veja um africano que tem uma cultura tão rica quanto qualquer produto descarregado em massa pelo globalizador.

Uma das formas de entender o pensamento africano é conhecer sua relação como tempo, tive minhas próprias experiencias mas usarei as palavras de Ki-Zerbo para explanar tal relação:

“De fato, é preciso atingir uma concepção geral do mundo para entender a visão e o significado profundo do tempo entre os africanos. Veremos então que o pensamento tradicional, o tempo perceptível pelos sentidos não passa de um aspecto de um outro tempo vivido por outras dimensões da pessoa. Quando vem a noite e o homem se estende sobre sua esteira ou sua cama para sdurmi, é o momento que seu duplo escolhe para partir, para percorrer o caminho seguido pelo homem durante o dia, frequentar os lugares que ele frequentou e refazer os gestos e os trabalhos que ele realizou conscientemente durante a vida diurna. É no curso dessas peregrinações que o duplo se choca com as forças do Bem e do Mal, com os bons gênios e com os feiticeiros devoradores de duplos ou cerko ( em língua Songhai e Zarma). É no duplo que reside a personalidade de cada um. O songhai diz que o bya (duplo) de um homem é pesado ou leve, querendo significar que sua personalidade é forte ou fragil: os amuletos tem como finalidade proteger e reforçar o duplo. É o ideal é chegar a confundir-se como proprio duplo, a fundir-se nele ate formar uma só entidade, que ascende assim a um grau de sabedoria e de força sobre-humano. Somente o grande iniciado, o mestre (Kortékonynü, Zimaa) atinge esse estado em que o tempo e o espaço não constituem mais obstáculos.”

CONTINUA...
 
Por:  Ras Tonton Fya Burning

29.9.10

Entrevista com Ki-Zerbo

Trecho do livro acima:

Globalizadores e Globalizados

Pergunta de René Holenstein: O processo de globalização registrou, nos anos noventa, uma aceleração extraordinária. A economia em rede é onipresente, a "aldeia planetária" tornou-se preverbial. Mas, ao mesmo tempo, desenvolveu-se a resistência contra o neoliberalismo. Nos países industrializados, muitas pessoas consideram-se mais como vítimas do que como beneficiárias da globalização. Aparentemente, os capitães da economia mundial estão cheios de compreensão relativamente aos motivos da oposição. Alan Greenspan, presidente do banco central dos Estados Unidos, reconhece o "receio legítimo" que os alterglobalista¹ tem de perder, no nivel local, o controle político do seu destino.Klaus Schwab, fundador do Fórum Economico Mundial de Davos², declara que os temores expressos nos movimentos de protesto são compreensíveis. Michel Camdeussus, antigo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), pensa que a "globalização, por aprocimar os povos, pode ser um avanço  para a unidade do mundo". Segundo ele, "não se deve nem saxralizá-la, nem demonizá-la, mas tentar humanizá-la em nome da dignidade da pessoa". qual é a sua apreciação da globalização? Do que se trata Exatamente? Quais são os desafios para os países africanos?

Ki-ZerboDo ponto de vista africano, a globalização é o desenvolvimento logico do sistema capitalista de produção. Este atingiu um patamar a partir do qual deve necessariamente adquirir dimensões planetárias - ou desaparecer. Os conceitos de competitividade e rentabilidade levam a uma espécie de darwinismo³ econômico. Resultado: só os mais aptos - the fittest, como dizem os ingleses - sobreviverão. Através da globalização, o capitalisno sai do quadro puramente nacional para adotar dimensões planetárias, ou mesmo  cósmicas. a propriedade bem localizada no tempo está prestes a voar em estilhaços, como resultado dos movimentos de capitais especulativos. A economia da demanda solvente, proposta por John M. Keynes para estimular as economias nacionais e mundial extremamente fluido da distribuição do controle econômico, que não funciona a favor dos consumidores. Outrora, o capitalismo funciona, quase exclusivamente, em função das trocas. Vendem-se e compram-se ações, e os atores deste jogo do dinheiro nas bolsas internacionais ganham dez ou vinte vezes mais, por dia, do que aqueles que investem o seu dinheiro na produção. Voltamos ao capitalismo mercantil, mais num sistema ainda mais desumano que o capitalismo do século XIX.
  Diante de um modelo econômico desta natureza, na ausência de uma verdadeira burguesia nacional, o capitalismo africano não tem qualquer chance, salvo como parte de um sistema criado a partir do século XVI e hoje dominado pela tríade Estados Unidos-Europa-pólo asiático. O capitalismo mundial está dotado de tecnologias de comunicação extremamente sofisticadas, que estão longe do controle dos africanos, mesmo parcialmente. O mercado da informática, no nivel da produção, é-nos quase estranho. A economia mundial tornou-se uma economia de inteligência e de informação; basea-se cada vez menos na matérias-prima dos países do Sul. Já nem quer consumir os produtos brutos que a África foi obrigada a produzir e a extrair da sua terra durante o periodo colonial. veja-se, por exemplo, a substituição do cobre pelas fibras ópticas, que arruinou Zambia. As palavras de ordem exibidas por alguns parceiros da África, segundo as quais a África não deveria perder "o trem do terceiro milênio", são estúpidas.É verdadeiramente o que se chama o ópio do povo, para abusar das pessoas e lança-las numa corrida a frente, quando se sabe que elas nunca conseguirão atingir a meta enquanto certas condições prévias não estiverem preenchidas.
  Com o fim da Guerra Fria, todo o planeta se tornou o tabuleiro de jogo do capitalismo. é como uma especie de arena, onde só se enfrentam gladiadores de primeira categoria. A África tornou-se ainda e mais vulnerável diante de um capitalismo deste gênero. Já nem sequer pode desempenhar o papel que os colonizadores franceses ou ingleses atribuíram. Durante o período anterior, sob a capa das nações européias, pode-se ter esperança de avançar. Agora, o capitalismo desembaraçou-se das escórias de tipo nacional. Os dirigentes africanos, que foram formados na escola das instituições de Bretton Woods* que são impelido a torna-se chefes de Estado na África, deixaram de ter esta referência nacional, quer colonial quer neocolonial.
  Em outras palavras, não se globaliza inocentemente. Penso que dificilmente poderemos ter um lugar na globalização, porque fomos desestruturados e deixados de contar como seres coletivos. Se você comparar o papel da África com o dos Estados Unidos, verá os dois pólos da situação na globalização: os globalizadores, que são os Estados Unidos, e os globalizados, que são os africanos. Não sei de que lado você se situa; quanto a mim, eu sei que sou um globalizado. A África, como continente, situa-se mais nesta categoria, porque é uma questão de relação de forças. É a questão de saber se somos sujeitos da história, se estamos aqui para desempenhar um papel na peça de teatro. Na realidade, não há peça onde só há atores principais. Também deve haver figurantes, e nós, africanos, fomos classificados como figurantes, isto é, como utensílios e segundas figuras para pôr em destaque os papéis dos protagonistas.

Pergunta de René Holenstein: Como o senhor avalia a globalização de um ponto de vista histórico?

Ki-Zerbo: O papel da África nunca mudou a partir do século XVI, é este o nosso problema. Alguns Estados nacionais desempenham o papel de locomotiva e outros desempenham, há já alguns séculos, o papel de vagões. Mesmo que a locomotiva aumentesse a sua velocidade, isso nada mudaria na posição dos vagões: nunca se viram vagões ultrapassando a locomotiva! Mas sabemos que são estruturalmente complementares, pelo menos enquanto os vagões eceitarem sua posição.
  A África evoluiu, como todos os outros povos do mundo, de maneira progressiva, desde os primeiros agrupamentos humanos da Antiguidade egípcia até o século XVI, através das chefaturas, dos reinos, dos impérios cada vez mais importante, isto apesar da dificuldade representada pelo Saara, que ocupa quase um terço do continente. Em Mali, um desenvolvimento notavél, atestado pelos cientistas e viajantes da época, tinha integrado a escrita co o saber e o poder da civilização autóctone, Nos séculos XIII e XIV, a cidade de Tombuctu era mais escolarizada que a maioria das cidades análogas na Europa. Escolarizada em árabe, bem entendido, mas, por vezes, as línguas subsaarianas também eram expressas na escrita árabe. Aí lecionavam cientistas e professores do ensino superior que eram tão estimados no mundo da intelligentsia  - tanto da África quanto do mundo árabe e da Europa - que os discípulos atravessam o Saara para ouvir os mestres de Tombuctu, Djenne e Gao.
  No século XVI, começou a invasão vinda do exterior: uma grande intromissão, com as "grandes descobertas" da África ao sul do Saara e da América Latina. Essas descobertas implicaram,como você sabe, o trafico dos negros. Depois do genocídio dos índios na América, o trafico custou a vida de dezenas de milhões de africanos, que foram arrancados a este continente e expedidos, em condições atrozes, para além do Oceano Atlântico. Nenhuma coletividade humana foi mais inferiorizada do que os negros depois do século XV.Foram encomendados escravos negros aos milhões; utilizaram-se os negros como reprodutores de outros negros, em "caudelarias" constituídas para produzir novos negrinhos para o trabalho nas plantações. quantas crianças africanas foram jogadas dos navios, ou abandonadas nos mercados de escravos, longe das mães que eram levados, porque era preciso muito tempo para alimentar até que fosse exploráveis? Os escravos eram comprados às toneladas. Amputava-se e esquantejava-se como carne bruta os rebeldes ditos "negros castanhos". Durante esse tempo, na Europa, Os teólogos debatiam doutamente a questão de saber se os negros tinham alma. Foi uma pergunta que não se fez a propósito de outros grupos humanos. Tudo isso é conhecido, ninguém pode negá-lo. Mas como se pode conseguir não reconhecer que toda a espécie humana foi inferiorizada, humilhada, crucificada por esse tratamento? O tráfico dos negros foi o ponto de partida de uma desaceleração, um arrastamento, uma paragem da história africana. Não falo da historia África, mas de uma inversão, uma reviravolta da historia africana. Se ignorarmos o que se passou como tráfico dos negros, não compreenderemos nada sobre a África.
  A colonização realizou uma segunda forma de economia global. Primeiro, através do tráfico dos negros e da escravatura, a África tinha contribuído para impulsionar a Europa para a industrialização. A colonização foi muito mais curta do que o tráfico dos negros, mas foi mais determinante. O colonialismo substituiu inteiramente o sistema africano. Fomos alienados, isto é, substituídos por outros, inclusive no novo passado. os colonizadores preparavam um assalto à nossa história. o "pacto colonial" queria que os países africanos produzissem apenas produtos em bruto, matéria-primas a enviar para o Norte para a indústria européia. A própria África foi aprisionada, dividida, esquartejada, sendo-lhe imposto esse papel: fornecer matérias-primas. Esse pacto colonial dura até hoje. Se analisarmos a balança comercial dos países africanos, veremos que 60% a 80% do valor das suas exportações são matérias-primas. Para alguns deles, é cobre, para outros é a bauxita, o urânio ou o algodão. Quando, juntamente com Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral* e outros, nos batiamos pela independência africana, replicavam-nos: "Vocês nem podem produzir uma agulha, como querem ser independentes?" Mas por uqe razão os nossos países não podiam produzir nem sequer uma agulha? Porque, durante cem anos de colonização, tinham-nos remetido para esse papel preciso: não produzir nem sequer uma agulha, mas matérias-primas, isto é, despojar todo o continente. No plano político, os africanos foram mobilizados para "lutas nobres". Não falo das guerras sujas coloniais onde se utilização uns contra os outros - no Vietnã, na Argélia, em Madagascar e em outros locais. durante o Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, os nossos irmãos, as nossas irmãs, os nossos pais participaram da luta contra o nazismo e o fascismo. contribuímos, como seres humanos, para defender os princípios sagrados da dignidade humana.
  Hoje, quando nos falam de globalização, você pode compreender as hesitações dos africanos. Bem entendido, há africanos de posição social mais elevada que vão morder essa isca. Pelo seu nível de vida ou por seu papel nas organizações internacionais ou nacionais, fazem parte dos globalizadores, como seus parceiros. Mas a maioria consciente, que já sofre os efeitos negativos, desconfia da isca, porque não é a primeira vez que lhe falam de economia global. Os movimentos e mobilizações dos sindicatos contra as privatizações são significativos. Porque os trabalhadores sabem que a lógica implacável do lucro, dos empresários privados, é exercida à sua custa.

Pergunta de René Holenstein: Quais são os pontos comuns das três fases da globalização?     

Ki-Zerbo: Há elementos de continuidade, pelo menos no próprio princípio da economia capitalista, especialmente o lucro. É a idéia de manter o mercado livre e de fazer crer que todos se aproveitarão dele ao maximo e do melhor modo. Mas, com as novas tecnologias da comunicação, estamos perante uma economia de oferta: produz-se em quantidade, procurando-se fabricar consumidores para adaptá-los à produção. Creio que este é o centro do sistema capitalista atual. E a África, mais uma vez, neste domínio, está muito mal dotada.

notas: 1 Chamado originalmente "antiglobalismo", o alterglobalismo surgiu como um movimento de resistência contra o modelo economico neoliberal. Aos poucos, incluiu novas bandeiras fora do âmbito econômico, como preservação de identidades culturais e direitos humanos. Passou, assim, de uma contestação intra-ocidental a um movimento mundial, voltado para a busca de modelos alternativos de desenvolvimento.

2 O Fórum Econômico Mundial (World Economic Fórum, WEF) é uma fundação criada em 1971, com sede em Genebra (Suíça), cujos membros são escolhidos por sua posição no ramo de negócios ou no seu país de origem, e pela dimensão global de suas atividades. Esses menbros, as aproximadamente mil maiores empresas do mundo, pagam uma anuidade de $12.500; os parceiros são cerca de 100 membros com direito de decisão, que pagam uma anuidade de $ 250.000. Sua reunião anual, para a qual são convidados alguns líderes políticos, intelectuais e jornalistas, é realizada em Davos, na Suíça. O WEF é visto, por seus membros, como um lugar privilegiado para o debate dos problemas economicos do planeta, e, por seus críticos, como um forúm empresarial em que as grandes crporações internacionais negociam entre si e criam mecanismos ára pressionar os governos para que aceitem seus planos de negócios.

3 Charles Darwin (1809-1882), médico inglês, formulou uma teoria da evolução das espécies, que contrariava totalmente o pensamento cientifico oficial da epóca, fundamentado na doutrina bíblica da criação, ao afirmar que as espécies atualmente existentes resultam de um processo evolutivo, sendo que a direção da evolução é dada pela sobrevivência dos indivíduos mais capazes de cada geração. Essa teória foi indevidamente aplicada ao estudo das sociedades humanas, dando uma base pseudocientífica a idéia de que o topo da evolução humana consiste no indivíduo do gênero masculino, branco, vivendo em meio urbano. No campo da economia, a idéia de luta pela sobrevivência é usada para justificar a ação de empresas e até países.
* Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, realizada em Bretton Woods (EUA), em 1944, a fim de fazer um plano econômico para o pós-guerra. Aí foram projetados o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o futuro Monétario Internacional (FMI).
** Termo criado na Rússia czarista, que designa uma elite intelectual constituida como classe social.
***Amílcar nasceu na antiga Guiné Portuguesa (atual Guiné Bissau), em 1924. Em 1932 foi pra Cabo Verde, onde começou a a trabalhar na imprensa nacional. Estudou agronomia em Lisboa , e em 1952 passou a trabalhar nos serviços Agricolas e Florestais da Guiné. Expulso do país em 1955, foi para Angola, ligando-se ai Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Em 1955 foi criado o Partido Africano da Indepêndencia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na Guiné Portuguesa. em 1960, o partido abriu uma delegação em Conacri, de onde Amílcar Cabral passou a dirigir a luta pela indepêndencia de Bissau. Em 1973, Cabral doi assassinado por um comando da Guiné Portuguesa, apoiado pelo governo de Conacri, que realizou uma operação para prender e eliminar os dirigentes do PAIGC sediados nesse país.

19.9.10

Jah - Oxalá - Alá



Só nas micro-relações você vai perceber

A diferentes formas de exercer o poder

Impedindo liberdade de se locomover

Pode ser numa sela ou numa caixinha de tv

Movimentação é o que quero ter

Escravidão na modernidade pra te entreter

O tempo todo faz transparecer

Os erros cometidos que deixa verdade sofrer

Distorcendo a justiça Divina que faz viver

Voltando ao instinto natural para então entender

Influência que meu ancestral me faz ver

As injustiças fundamentadas em mentiras

Por isso acredito na verdades dos meus guias

Que a hierarquia é dada de forma divina

Sem nenhuma ideologia capital ou materialista

Temos que perceber a real necessidade de se viver

Se locomover para sentir a diversidade que o envolve

Te ensinara a respeitar tudo aquilo que se move

Preste atenção atenção e abra os ouvidos

Pois o som que esta ouvindo vem do ar locomovido

Então respeite ate o que não consegui ver

Isso fara compreender a verdadeira forma

De exercer o poder.
Oxalá - Alá - Jah - Imoyê
(Por: Ras Tonton Fya Burning) 

29.7.10

Nagôzidade

Nagôzidade Nagôgidade Nagozidade
na pele, na carne
Nagozidade Nagozidade Nagôzidade
na cultura e na arte
Mo pèé iba mèta làá b'okan
São palavras nagôs que não posso esquecer
é isso que faz a diferença entre eu e você
no mundo de harmônia que temos que viver
no respeito das culturas para entaum ver
a quantidade de problema que podemos resolver
Compartilhar riqueza é melhor que compartilhar pobreza
coloque isso em sua cabeça e não esqueça
coletividade da terra evita fome e guerra
respeito universal é paz espiritual
e isso comforta o meu ancestral
Nagôzidade na pele na carne
Nagôzidade na cultura e na arte.
(Ras Tonton Fya Burning)

6.5.10

Universidade e suas funções

As universidades brasileiras como a UESC – universidade estadual de santa cruz, ao que se ver não faz seu papel de transformação social como um centro de desenvolvimento social, o que faz é exatamente o contrario utiliza a verba do cidadão mais uma vez para a mão do capital privado, quando universidades abrem cursos para fornecimento de mão de obra para empresas multinacionais que alem de possuir na maioria das vezes isenção fiscal, ou seja, o cidadão alem de pagar pelos bens e serviços também tem que pagar pela capacitação de todo ciclo produtivo, para que o mínimo de pessoas “donas” do meio de produção tenha o lucro e sejam beneficiadas.

Entendendo a universidade como uma extensão critica do cidadão onde ele se instrumentaliza para desempenhar a atividade por ele desejada, conhecida como livre iniciativa, que possibilite difundir tecnologias alternativas entre a sociedade parar o fortalecimento das RTS*.

As universidades com parecerias governamentais que incentiva a economia solidaria é peça chave para que a RTS funcione.
 
*RTS Rede de Tecnologia Social.

16.3.10

ANALISE SISTEMICA



Tal consenso tem orientações voltadas ao mercado, governos neoliberais e instituições financeiras internacionais, não tendo participação das pessoas que de fato faz o sistema funcionar dando seu suor para quem impõe as ordens e explora.
O neoliberalismo utiliza da propaganda para fazer com que as pessoas acreditam que esse sistema econômico e ideológico seja o perfeito para a evolução da humanidade, isso não passa de engodo e falácia, ao olhar de forma mais consciente e critica o que vemos, podemos entender o funcionamento social e saber que tem mais oportunidade de sobreviver e quem logo deixará de existir. Quem foi explorado teve toda sua cultura e bens deserdados ficando reféns da propriedade apropriada pelos exploradores. Fazendo uso de tecnologias propagadoras de sua forma de organização baseada na hierarquização social.
Tecnologias e métodos de trabalho imposto pelo sistema capitalista são legitimados e obedecidos obrigatoriamente por todos os povos, e sofrerá ameaça aquele povo que elaborar outro tipo de técnica ou método de desenvolver e organizar para poder existir. Tendo assim que recorrer à propriedade privada e condições impostas por proprietários capitalistas, para continuar existindo.
O neoliberalismo em seu sistema econômico é baseado no sistema capitalista, que pressupõe a posse privada da terra; de meios de produção e de dinheiro; que é impulsionada pela transformação de dinheiro em capital, com o trabalho dos explorados, e que tem como objetivo, o fortalecimento desse capital, isto é, a acumulação de lucro e mais exploração do trabalhador. Tudo isso é alcançado por meio de competição entre produtores e consumidores. Provocando assim uma superprodução industrializada de bens de produção e de consumo, de meios de comunicação e de destruição. Essa superprodução em massa pressupõe a aplicação contínua na indústria das descobertas ciências natural e da informação, sendo ela tida como verdadeira e oficial.
A democracia parlamentar combinada com o sistema pluripartidário faz com que as pessoas se diferenciem entre seus semelhantes, particularizando interesses para alcançar o poder e a dominação.
A ideologia imposta, dos direitos humanos, que não é cumprida conforme o previsto, tendo que povos implorarem por uma atenção para que não seja destruída, enquanto os países
do ocidente, ou seja, a Europa ocidental e a América do norte propagavam ter oferecido à “civilização” a “verdadeira religião.
A sociedade neoliberal possui ferramentas de muita influência, a mídia, principalmente a televisiva que esta presente praticamente no cotidiano das pessoas, transformando telespectadores em ferozes consumidores prontos para compra tudo o que é oferecido, desconhecendo informações como a origem, condições de mão-de-obra e quais materiais são utilizados na produção de tais bens. Assim compromete o limite de conhecimento das comunidades que recebem essas informações, robotizando os indivíduos para que preocupasse apenas com seu próprio bem estar.